Algumas pessoas tendem a evitar problemas que aparentam ser de difícil solução. No entanto, começar um trabalho pode ser mais difícil do que o trabalho em si.
“Pensar é o trabalho mais duro que há. O que é, provavelmente, o motivo porque tão pouca gente se dedica a
fazê-lo.”
Henry Ford
“O começo é a parte mais difícil do trabalho.“
Platão
Qualquer pessoa, muito provavelmente, já experimentou a sensação de inércia e desalento antes derealizar um trabalho que julga ser difícil ou trabalhoso. Isso acontece também com os assuntos para os quais julgamos ter poucas habilidades cognitivas, como acontece no estudo da matemática. De fato muitas pessoas sentem uma rejeição visceral apenas de ouvir a palavra matemática. Tal sentimento de ansiedade, provocado pela matemática, pode chegar a provocar até mesmo dor. Isso tem sido alvo de estudos científicos e que comprovaram que, de fato, o sofrimento pode existir de forma acentuada em um grupo de pessoas, levanto-os a evitar a matemática e as profissões onde ela é empregada. Para essas pessoas, pensar, literalmente, dói.
No entanto, os estudos feitos sobre pessoas que sofrem de ansiedade pela matemática, constataramque a ansiedade acontece apenas nos momentos que antecedem as atividades e não durante. Isso prova que o sofrimento é preliminar ao trabalho com a matemática e que ele reduz quando a atividade em si está se desenvolvendo. Dessa forma, o mais difícil não é estudar ou resolver um problema matemático, mas sim superar os momentos que antecipam a atividade. Essa constatação permite alguns insights.
O primeiro é que, se isso acontece com a matemática, não aconteceria também diante de atividades de elevada complexidade, como resolver um problema sistêmico, crônico e recorrente?
Provavelmente sim pois, ao contrário do exercício da matemática, onde as respostas existem, numa atividade de resolução de problemas há um risco considerável de insucesso e de exposição pública do próprio fracasso. As chances concretas de perda de prestígio, de autoestima e de reputação podem fazer com que as pessoas prefiram conviver com problemas a se arriscar a resolvê-los. A responsabilização a um desafio pode ser altamente estimulante para algumas pessoas. Mas, para outros, ela pode provocar sentimentos angustiantes e, a tal ponto desconfortáveis que, o simples fato de ser alocado num projeto de melhoria, desencadeia uma série de reações orgânicas que vão do pânico passando pelo estresse e chegando a dor física, com manifestações de sudorese, mudança da coloração da pele, dor de barriga e por aí vai.
Outra constatação é a de que, provavelmente, as pessoas tendam a pensar que a sensação ruim no início será a mesma que os acompanhará durante todo o desenvolvimento da atividade, o que não é verdade. Os estudos feitos com estudantes diante da matemática comprovaram que a ansiedade e as sensações de sofrimento e dor diminuem consideravelmente durante as atividades, propriamente ditas, envolvendo essa disciplina. Ou seja, o difícil é começar, pois depois as sensações negativas diminuirão drasticamente. Se pudermos replicar essas conclusões para processos de resolução de problemas, onde são utilizados métodos analíticos e técnicas estatísticas com potencial real de provocar as mesmas sensações, então podemos dizer que o momento delicado a ser vencido é também o inicial, quando as pessoas tendem e replicar soluções anteriores e evitar um estudo mais aprofundado do problema.
Vencer o medo de falhar, confiar nos recursos metodológicos a disposição e acreditar, em primeiro lugar, na própria capacidade de aprender com o problema são alvos fundamentais para criar a confiança necessária para evitar a ansiedade e caminhar rumo ao sucesso. Isso, evidentemente, não se faz se treinamento intensivo nas ferramentas e no método de solução de problemas – o MASP que fornece a melhor estruturação metodológica para vencer qualquer desafio.
Assim, respondendo a pergunta, se pensar realmente dói, a resposta é sim, para algumas pessoas. E, mesmo para essas, essa dor, que é reflexo da ansiedade, é prematura e pouco duradoura, diminuindo à medida que o projeto de melhoria avança. Logo, não há motivo para se deixar vencer pela sensação inicial, uma vez que o sucesso e os resultados positivos irão explodir em êxtase ao final do projeto.
Referências
- LYONS, Ian M; BEILOCK Sian L. When Math Hurts: math anxiety predicts pain network activation in anticipation of doing math. Plos One. October 31, 2012. Disponível em https://journals.plos.org/plosone/. Acessado em 10/12/2018.
- ORIBE, Claudemir Y. Quem Resolve Problemas Aprende? A contribuição do método de análise e solução de problemas para a aprendizagem organizacional. Belo Horizonte, 2008. Dissertação (Mestre em Administração). Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
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